Parte da parede de um prédio vizinho ao futuro Memorial dos Aflitos, em São Paulo, cedeu, provocando a queda de concreto na área de escavação do sítio arqueológico onde foram encontradas ossadas de escravos do século XVIII e XIX. Desde outubro, movimentos sociais denunciaram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) atividades irregulares no local, incluindo a retirada de sacos de terra suspeitos e movimentação de sedimento sem autorização. Essas movimentações levantaram preocupações sobre a possível contaminação do solo arqueológico do antigo cemitério, que foi desapropriado em 2020 para a criação do memorial em homenagem aos escravos.
O Iphan notificou as autoridades locais e considera acionar a Polícia Federal, dado que o imóvel onde ocorrem as intervenções faz parte de um bem tombado pela União. Após as denúncias, foi realizada uma fiscalização no local, onde os técnicos encontraram indícios de obras sem alvará. Entretanto, não puderam entrar no prédio vizinho devido à ausência de responsáveis. Segundo o órgão, a área do Memorial dos Aflitos é um sítio arqueológico registrado, e qualquer intervenção deve ser aprovada pelo Iphan para garantir a preservação dos vestígios históricos e arqueológicos.
As denúncias foram formalizadas no sistema do Iphan em 21 de outubro, e uma fiscalização no mesmo dia revelou possíveis vestígios arqueológicos, os quais o órgão recomenda manter no local até que sejam realizados estudos autorizados. Movimentos sociais relatam novas atividades suspeitas na obra e reivindicam ações preventivas imediatas para evitar danos ao patrimônio. O caso aguarda retorno da Prefeitura de São Paulo e segue em investigação.