O Rio Grande do Sul contabiliza atualmente mais de 400 mil pessoas vivendo em favelas, distribuídas em 481 comunidades de 53 municípios, segundo dados do Censo 2022 do IBGE. Este levantamento, realizado com apoio da Central Única das Favelas (CUFA), coloca o estado como o décimo do Brasil com o maior número de favelas. Porto Alegre concentra a maior parte dessas áreas, com 125 favelas, representando 26% do total estadual, o que revela um crescimento de 40% no número de moradores em áreas de favela em comparação com o censo de 2010.
A pesquisa é a primeira em que o IBGE utiliza o termo “favela” no censo demográfico, substituindo o antigo termo “aglomerado subnormal”. Esta nova nomenclatura reflete uma mudança na abordagem e inclui critérios que definem favelas como áreas urbanas com domicílios sem segurança jurídica de posse e infraestrutura precária, construídos pelos próprios moradores e em locais com restrições ambientais ou urbanísticas. O professor Eber Marzulo, da UFRGS, destaca que esses assentamentos possuem forte laço comunitário e sugere que políticas públicas visem melhorar a qualidade de vida local, sem desintegrar a rede de apoio entre moradores.
Além do aumento populacional, o IBGE atribui o acréscimo no número de favelas à utilização de novas tecnologias e métodos de mapeamento, aprimorando o entendimento sobre essas comunidades. Para Pablo Dalavera, da CUFA, os principais desafios enfrentados pelos moradores incluem falta de oportunidades educacionais e culturais, além do acesso limitado a esportes, lazer e emprego. Esses fatores, segundo ele, impactam diretamente o desenvolvimento social e econômico das favelas no estado, evidenciando a necessidade de políticas que busquem maior inclusão e melhoria nas condições de vida.