Desde a pandemia de covid-19, o risco de novas crises sanitárias tem preocupado cientistas, que agora apontam os lixões como potenciais focos para futuras doenças. Um estudo recente, realizado por pesquisadores das universidades James Cook e Mahidol, revelou que a expansão de lixões em países de baixa renda agrava essa ameaça ao concentrar pessoas, resíduos e animais no mesmo espaço. Essa proximidade cria um ambiente favorável para a emergência de doenças infecciosas, que podem facilmente se disseminar entre a população.
Segundo o estudo, os lixões atuam como pontos de contato entre humanos, animais e o ambiente, formando uma interface ideal para a transmissão de patógenos. Nos lixões, animais e vetores como insetos encontram condições ideais para proliferar, o que eleva a taxa de contato entre diferentes espécies. Além disso, pessoas que trabalham nesses locais frequentemente enfrentam condições insalubres, agravando sua vulnerabilidade a patógenos zoonóticos e elevando o risco de transmissão.
A pesquisa alerta para a necessidade urgente de políticas públicas para o descarte adequado de resíduos e o controle de lixões. Até 2050, a geração de resíduos sólidos nas cidades deverá ultrapassar seis milhões de toneladas diárias, sendo que a maior parte provém de matéria orgânica. Para reduzir o risco de novas pandemias, especialistas enfatizam a importância de diminuir a interação entre humanos e animais nesses ambientes, bem como de adotar práticas mais sustentáveis para a gestão de resíduos e o desenvolvimento de infraestrutura de descarte controlado.