A Língua da Tabatinga, um dialeto de origem quilombola preservado em Bom Despacho, Minas Gerais, ganhou destaque ao ser tema de uma questão na prova do Enem 2024. Originada na região da Tabatinga, esse idioma remonta ao século XVIII, quando escravizados fugitivos estabeleceram-se no local, formando quilombos. A língua nasceu da fusão entre o português arcaico e elementos da língua banto, sendo utilizada para comunicação sigilosa entre os quilombolas, evitando a compreensão dos senhores de escravos e milícias da época.
A preservação do dialeto contou com a dedicação de gerações, incluindo figuras como Dona Fiota e Marli Costa, que se empenharam em manter vivo esse patrimônio linguístico e cultural. A Língua da Tabatinga simboliza uma forma de resistência e identidade comunitária em um contexto histórico de opressão e discriminação racial. Em 2019, começaram as iniciativas para registrar o dialeto como patrimônio imaterial de Bom Despacho, e em 2023, o reconhecimento foi formalizado pela prefeitura.
O registro oficial da Língua da Tabatinga como patrimônio imaterial foi um marco significativo, garantindo maior visibilidade e preservação desse legado cultural. A Secretaria de Cultura e a comunidade local agora promovem ações para divulgar a língua e incentivar novas gerações a aprender o dialeto. Esse reconhecimento celebra não apenas o valor histórico da língua, mas também a luta e a resiliência das comunidades quilombolas de Minas Gerais.