O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou preocupação com a ligação entre o chanceler alemão Olaf Scholz e o líder russo Vladimir Putin, classificando-a como uma “caixa de Pandora” que pode enfraquecer os esforços internacionais para isolar Moscou e alcançar uma paz justa na Ucrânia. O telefonema, o primeiro entre os dois líderes desde dezembro de 2022, teria abordado a possibilidade de negociações que levem a uma solução pacífica e duradoura para o conflito em andamento. No entanto, Kiev considera que tal diálogo pode ser explorado pela Rússia para consolidar seus interesses estratégicos.
Zelensky destacou que a Rússia tem histórico de usar negociações como instrumento de ganho político, citando os eventos relacionados ao conflito de 2014 no leste da Ucrânia. Segundo ele, conversas passadas resultaram na continuidade de políticas que culminaram na invasão de 2022. Por isso, o governo ucraniano insiste na necessidade de garantias robustas de segurança antes de qualquer cessar-fogo, para evitar futuras ofensivas russas. A desconfiança sobre a boa-fé russa em negociações foi reforçada em seu discurso, que alertou para os riscos de um processo diplomático que não imponha mudanças reais à política de Moscou.
No cenário internacional, a postura da Alemanha é vista com ambivalência, pois Berlim tem sido um dos principais apoiadores da Ucrânia, tanto financeiramente quanto no fornecimento de armas, atrás apenas dos Estados Unidos. No entanto, incertezas pairam sobre o futuro do apoio ocidental após a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, uma vez que o republicano declarou sua intenção de encerrar rapidamente a guerra sem detalhar como. Essa declaração gerou preocupações na Europa de que possa haver redução na assistência militar e pressão por uma paz desfavorável à Ucrânia.