Cinco anos antes do rompimento da barragem de Fundão em Mariana, Minas Gerais, a controladora BHP, associada à Samarco, estimou que um eventual colapso da estrutura poderia resultar em 100 mortes e altos custos de indenização. Em julgamento na Justiça inglesa, foi revelado que a empresa previa gastos de US$ 1,25 bilhão para cobrir multas, compensações e reparações. Documentos indicam que, embora o risco fosse conhecido, nenhuma simulação de evacuação foi realizada para proteger a população do distrito de Bento Rodrigues, área que seria a mais afetada.
A tragédia de 2015 resultou no rompimento da barragem e no despejo de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, que devastaram comunidades locais, poluíram o Rio Doce e chegaram ao Oceano Atlântico. No processo em andamento no Reino Unido desde 2018, comunidades e entidades afetadas pedem mais de R$ 260 bilhões em indenizações. A defesa dos atingidos alega que a BHP tinha ciência dos riscos e, como acionista da Samarco, é responsável pelos danos causados. O julgamento já entrou na fase de depoimentos e especialistas, e a decisão final é aguardada para meados de 2025.
Caso condenada, a BHP dividirá os custos com a Vale, outra acionista da Samarco, em um acordo estabelecido entre ambas para partilhar responsabilidades financeiras. Além do processo no Reino Unido, outra ação judicial corre na Holanda contra a Vale, com pedidos de indenização de R$ 18 bilhões. No Brasil, um novo acordo entre Samarco, Vale, BHP e o poder público prevê investimentos de R$ 170 bilhões em medidas de recuperação, somando os R$ 38 bilhões já gastos desde a tragédia.