O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, abordou a necessidade de reflexão sobre o papel do Judiciário no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Segundo ele, o sistema de justiça criminal brasileiro ainda está estruturado para lidar com delitos de menor porte, concentrando esforços na esfera estadual e em comarcas locais. No entanto, crimes de maior complexidade, como o crime organizado, operam além dos limites municipais, abrangendo uma escala regional, interestadual e até internacional.
Durante um seminário do Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja), Moraes destacou que o combate ao crime organizado exige uma atuação coordenada não apenas da polícia, mas também do Ministério Público (MP). Ele ressaltou que o MP já possui maior regionalização em suas operações, especialmente por meio dos Gaecos, grupos especializados no combate ao crime organizado. Segundo ele, a Justiça apresenta mecanismos eficazes para punição após o crime, mas ainda carece de uma estrutura preventiva sólida.
O ministro também observou que o sistema atual, embora tenha avançado em legislação repressiva, precisa de medidas mais preventivas. Ele questionou a falta de atuação de órgãos administrativos na análise de operações suspeitas, citando como exemplo o grande número de estabelecimentos comerciais em áreas conhecidas, que, em algumas situações, podem gerar desconfiança sobre sua viabilidade econômica, insinuando a necessidade de fiscalização mais rigorosa.