A Justiça do Rio de Janeiro decidiu manter a denúncia contra dois policiais militares acusados de abordar de forma truculenta um grupo de jovens em Ipanema, na zona sul da cidade. O episódio, ocorrido em julho deste ano, envolveu quatro rapazes, sendo três negros e filhos de diplomatas de países estrangeiros. A denúncia foi formalizada pela 2ª Promotoria de Justiça do Rio, que acusou os sargentos de ameaça e constrangimento ilegal, após a abordagem ser registrada por câmeras de segurança. O juiz responsável pela decisão, Guilherme Schilling Pollo Duarte, considerou que a conduta dos agentes não se enquadrava como legítima defesa ou qualquer outra causa excludente de ilicitude, e afirmou que os fatos narrados configuram crimes em potencial.
Na ocasião, os policiais abordaram os jovens de forma agressiva, com armas em punho, e realizaram uma revista íntima, o que gerou repercussão pública. A denúncia também aponta que os agentes proferiram ameaças, alertando os jovens para que ficassem “atentos” a outros adolescentes supostamente envolvidos em crimes na região. A ação gerou reações de indignação, especialmente considerando que um dos rapazes era neto de um jornalista conhecido, e todos estavam em passeio, sem envolvimento com atividades ilícitas. A Polícia Militar inicialmente alegou que os policiais estavam utilizando câmeras corporais e que as imagens seriam analisadas, mas não se posicionou de forma conclusiva até a publicação da matéria.
O caso gerou um pedido formal de desculpas do Ministério das Relações Exteriores aos países representados pelos pais dos jovens, destacando a natureza diplomática dos envolvidos. A decisão de não absolver sumariamente os policiais reflete a continuidade das investigações e a busca por uma possível responsabilização dos agentes. A situação evidencia o contexto de violência policial e os desafios relacionados ao tratamento de jovens negros em situações de abordagem policial no Rio de Janeiro.