As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) apresentaram queda na terça-feira (19), especialmente entre os contratos mais longos, à medida que investidores aguardam o pacote de medidas fiscais anunciado pelo governo brasileiro. No entanto, a expectativa de uma alta de 75 pontos-base na Selic em dezembro manteve taxas ligeiramente mais altas nos contratos mais curtos, refletindo o cenário de incertezas fiscais. O mercado de juros ainda precifica a continuidade da política monetária apertada, com foco na estabilidade da inflação.
O ambiente externo contribuiu para a aversão ao risco, com o agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia, o que levou investidores a buscar ativos considerados mais seguros, como os Treasuries norte-americanos e o dólar. A pressão externa não foi suficiente, porém, para provocar uma ampliação significativa da curva de juros no Brasil, como seria esperado, já que o país apresentou uma postura mais resiliente diante dos eventos internacionais. A expectativa local segue centrada no lançamento do pacote fiscal do governo, que poderia ser adiado devido ao feriado do Dia da Consciência Negra e ao encerramento da reunião do G20 no Rio de Janeiro.
No Brasil, a postura do Banco Central também foi destacada, com o presidente Roberto Campos Neto reiterando a necessidade de um choque fiscal positivo para reduzir os prêmios de risco dos ativos brasileiros, que permanecem elevados. As apostas no mercado de juros futuros indicam uma probabilidade maior de alta da Selic no próximo mês, com a probabilidade de aumento de 75 pontos-base superando a de 50 pontos-base. A trajetória das taxas de juros e o comportamento do mercado seguem atrelados à definição das políticas fiscais do governo e ao desfecho da crise internacional.