A alta dos juros futuros brasileiros intensificou-se na tarde de terça-feira, impulsionada pela pressão externa e um ambiente de maior cautela econômica global. O aumento dos rendimentos dos Treasuries dos Estados Unidos reforçou essa tendência, especialmente com a taxa dos títulos de 10 anos, a T-Note, superando 4,40%. Esse movimento foi interpretado pelo mercado como um reflexo de percepções inflacionárias intensificadas, especialmente considerando uma possível agenda econômica inflacionária nos EUA em um novo mandato de Donald Trump.
No cenário doméstico, a ata do Copom, considerada “hawkish”, aumentou a pressão sobre a curva de juros brasileira ao reafirmar a disposição do colegiado em tomar medidas necessárias para ancorar as expectativas de inflação. Essa postura fez o mercado ampliar suas apostas em uma Selic terminal mais alta, inclusive com economistas e parte do mercado considerando uma elevação de 0,75 ponto percentual na reunião do Copom em dezembro. As taxas de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para 2026, 2027 e 2029 registraram elevação, refletindo um mercado mais cauteloso e incerto quanto à trajetória fiscal e às próximas ações do governo.
A expectativa por definições sobre o pacote fiscal permanece no centro das atenções, enquanto há incerteza sobre o escopo das medidas e o impacto potencial no orçamento. O Copom também ressaltou em sua ata a importância de estabilizar a dívida pública em meio a desafios estruturais e orçamentários. A percepção de risco foi reforçada por declarações de economistas, que observaram um compromisso do Copom em garantir a convergência da inflação, mesmo que de forma mais gradual. O cenário atual estimula especulações de um ciclo de aperto monetário mais prolongado e com taxas mais elevadas ao fim do período, com a taxa Selic projetada para atingir 14% ao final do ciclo de ajustes.