Os Estados Unidos e o Brasil tomaram direções opostas em suas políticas de juros, refletindo cenários econômicos e prioridades de controle inflacionário distintos. Nesta quinta-feira, o Federal Reserve (Fed) reduziu as taxas americanas em 0,25 ponto percentual, situando-as na faixa de 4,5% a 4,75% ao ano, enquanto o Banco Central do Brasil (BC) optou por elevar a taxa Selic em 0,5 ponto, atingindo 11,25%. Esses movimentos ilustram o sucesso dos EUA em controlar a inflação, possibilitando ao Fed uma flexibilização, enquanto o Brasil lida com pressões inflacionárias internas, exigindo uma postura mais restritiva.
Especialistas ressaltam que a decisão do BC de aumentar a Selic está diretamente ligada às preocupações com a condução da política fiscal do governo, considerada expansionista, o que intensifica o consumo e eleva a inflação. Para ancorar as expectativas inflacionárias, o BC adota uma abordagem mais rígida, enquanto o Ministério da Fazenda propõe medidas para controlar os gastos federais. Já nos EUA, a desaceleração inflacionária e a estabilidade do mercado de trabalho permitiram ao Fed afrouxar os juros sem grandes riscos de superaquecer a economia.
Ambos os países perseguem metas de inflação, mas com índices e cenários diferentes. Enquanto o BC trabalha para manter a inflação brasileira próxima dos 3%, com uma margem de 1,5 ponto percentual, a taxa atual já alcança 4,42% em 12 meses. Nos EUA, o Fed busca uma inflação de 2%, que em setembro ficou em torno de 2,1%, criando margem para a redução dos juros.