O Ministério Público francês solicitou, no julgamento de um caso de grande repercussão, a pena máxima de 20 anos de prisão para um réu acusado de sistematicamente drogar e abusar sexualmente de sua esposa, com o envolvimento de dezenas de homens ao longo de uma década. O processo, que está sendo acompanhado por uma cobertura internacional significativa, foi descrito pelos promotores como um marco crucial para a mudança das relações de gênero e para a conscientização sobre os abusos cometidos contra mulheres. A promotora responsável, Laure Chabaud, afirmou que a pena solicitada é insuficiente diante da gravidade dos atos, ressaltando que os réus não poderiam alegar ignorância sobre a ausência de consentimento, uma defesa considerada antiquada.
Além do réu principal, 51 pessoas estão sendo julgadas no caso, sendo que muitos enfrentam acusações de estupro com agravantes e outros crimes relacionados. Entre os acusados, que têm idades variando de 26 a 74 anos, estão indivíduos que participaram dos atos sexuais em grupo, alegando, em suas defesas, que pensaram estar envolvidos em práticas consensuais com um casal libertino. O julgamento, que entrou em sua fase final, ocorre em um momento simbólico, coincidentemente no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. Especialistas destacam a importância desse caso na reflexão sobre como a sociedade encara as relações de poder entre homens e mulheres.
A repercussão do processo foi amplamente debatida, com manifestações em toda a França pedindo maior proteção para as mulheres e mudanças legislativas. Líderes políticos, incluindo o presidente francês, elogiaram a coragem da vítima, que se tornou um símbolo na luta feminista. Além disso, o governo anunciou que implementará medidas de prevenção, como a reembolsabilidade dos kits para detectar casos de submissão química, evidenciando a importância do julgamento para o fortalecimento das políticas públicas contra a violência de gênero. O veredicto final será anunciado em 20 de dezembro, mas o processo já é considerado um divisor de águas na luta contra a impunidade em casos de abuso sexual.