O banco de investimento JP Morgan revisou suas expectativas para o mercado acionário brasileiro, rebaixando a recomendação de compra para neutro. Embora muitas ações no Brasil apresentem múltiplos baixos e possam parecer atraentes, o banco aponta para a grande incerteza fiscal como um fator de risco significativo. O aumento das dificuldades nas contas públicas eleva a aversão ao risco por parte dos investidores, reduzindo os investimentos privados, o que impacta diretamente o crescimento e a rentabilidade futura das empresas.
Além disso, o elevado gasto público tem pressionado a inflação, o que aumenta os custos operacionais das empresas. O impacto da inflação é ampliado pelas altas taxas de juros, que, embora busquem controlar os preços, também reduzem as margens de lucro das companhias. Com os juros elevados, o custo de capital para as empresas sobe, o que diminui seu valor no mercado. A perspectiva de uma economia mais fraca e a atratividade dos títulos públicos, devido às altas taxas, também diminuem o apetite por investimentos em ações.
O cenário é ainda mais desafiador devido à desaceleração da economia chinesa, que afeta diretamente o Brasil, dado seu papel como principal parceiro comercial, especialmente para empresas exportadoras. A combinação desses fatores – incerteza fiscal, inflação elevada, juros altos e a desaceleração da China – justificam a mudança na recomendação do JP Morgan. O dólar, por sua vez, permanece em torno de R$ 6,00, refletindo a tensão no mercado financeiro.