A Polícia Federal (PF) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório de 884 páginas que identifica uma organização criminosa supostamente envolvida em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. A investigação aponta que o grupo teria atuado de forma coordenada para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder. O inquérito descreve ações estruturadas em núcleos que iam desde desinformação sobre o sistema eleitoral até planos operacionais envolvendo militares e civis, com objetivos que incluíam até a eliminação de autoridades públicas.
O relatório, que levou dois anos para ser concluído, é um desdobramento de investigações sobre milícias digitais e articulações antidemocráticas. Entre os crimes apontados estão organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de direito. A PF utilizou provas obtidas por meio de quebras de sigilo, buscas, apreensões e colaborações premiadas. As penas máximas para os crimes investigados podem chegar a 28 anos de prisão. A investigação detalha diferentes núcleos responsáveis por desinformação, logística e execução de ações golpistas, bem como monitoramento de autoridades.
Os pedidos de indiciamento agora estão sob análise do ministro Alexandre de Moraes, que decidirá os próximos passos junto ao procurador-geral da República. As defesas dos citados negam as acusações, apontando falta de provas e irregularidades na condução do inquérito. O caso expõe os desafios enfrentados pela democracia brasileira diante de articulações que buscavam interromper o processo eleitoral e fragilizar as instituições do país.