A Polícia Federal (PF) revelou que um professor universitário participou da elaboração e revisão de um relatório divulgado pelo Partido Liberal (PL), partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que questionava a integridade das urnas eletrônicas durante as eleições de 2022. O documento, apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro de 2022, alegava fraudes nas urnas, mas o partido não conseguiu apresentar provas, sendo multado em R$ 23 milhões. A PF investiga a tentativa de desinformação e ataques ao sistema eleitoral, considerando o episódio parte de um esforço para minar a credibilidade das eleições e preparar terreno para possíveis ações antidemocráticas.
De acordo com mensagens obtidas durante as investigações, três dias antes da divulgação do relatório, o professor afirmou que não havia encontrado urnas com votação anormal no segundo turno das eleições. No entanto, ele continuou a colaborar com outros membros envolvidos na disseminação de informações questionáveis, inclusive com influenciadores estrangeiros. A PF aponta que o objetivo dessas ações era incitar a população contra o resultado eleitoral, alimentando teorias conspiratórias sobre o processo de votação eletrônico.
A investigação revelou também que o professor enviou informações para um blogueiro argentino, compartilhando supostos dados falsos sobre o funcionamento das urnas eletrônicas. Apesar de não ter sido indiciado, o professor é citado como parte de uma rede de desinformação que buscava minar a confiança no sistema eleitoral. A Unicamp, universidade onde o docente atua, declarou que está acompanhando os desdobramentos do caso. O relatório da PF, que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, incluiu uma lista de 37 pessoas indiciadas por envolvimento em um esquema que visava impedir a posse do presidente eleito em 2022.