O relatório da Polícia Federal (PF) revelou um esquema articulado que envolveu diversas figuras políticas e militares com o objetivo de desestabilizar o processo eleitoral de 2022 e garantir a permanência de um grupo no poder, após a vitória do novo presidente. De acordo com a investigação, um ex-presidente teria atuado como planejador e executor das ações golpistas, mantendo controle direto sobre as estratégias adotadas. A PF aponta que, desde 2019, circulavam falsas narrativas sobre a vulnerabilidade do sistema eleitoral, com o apoio de assessores e militares, visando minar a confiança pública nas urnas e justificar a adoção de medidas autoritárias. A intenção de reverter o resultado das eleições seria um dos principais objetivos desse grupo, com apoio de setores do Exército e planos de adoção de medidas constitucionais extremas.
Além disso, a investigação detalhou encontros no Palácio do Alvorada, onde foram discutidas ações jurídicas para tentar reverter a vitória eleitoral, como a decretação de Estado de Defesa e de Sitio. Embora tais planos não tenham sido implementados, as evidências coletadas pela PF indicam que as ações foram conduzidas de maneira deliberada e coordenada. Também foi identificado um plano de fuga para o ex-presidente, caso suas ações gerassem repercussões legais, com apoio logístico de aliados e medidas para bloquear a atuação do Judiciário. Esse plano foi abandonado devido à falta de adesão do Alto Comando das Forças Armadas, o que impediu que as tentativas de subversão avançassem.
Por fim, o relatório da PF destaca que as ações coordenadas não foram apenas tentativas isoladas, mas parte de um esforço contínuo para enfraquecer as instituições democráticas e garantir uma permanência no poder, independentemente dos resultados eleitorais. A resistência de importantes setores militares foi crucial para evitar que o golpe fosse consumado, reafirmando a importância da defesa do Estado Democrático de Direito no Brasil.