O chefe de Risco e Análises Estratégicas da N5X, Erick Takarabe, defende que a aplicação de instrumentos financeiros no mercado livre de energia pode reduzir significativamente os riscos das transações no Brasil. A principal proposta é a criação de uma câmara de liquidação e compensação com uma contraparte central, que intermediaria as negociações entre compradores e vendedores, garantindo o cumprimento dos contratos em caso de inadimplência. A iniciativa visa aumentar a eficiência na gestão de riscos e atrair maior participação de instituições financeiras no setor.
Takarabe destaca que os três maiores riscos enfrentados no mercado livre de energia são o risco de mercado, o risco entre as contrapartes e o risco sistêmico. O risco de mercado está ligado à alta volatilidade dos preços de energia, influenciados por fatores climáticos, como a dependência das hidrelétricas e das fontes eólicas e solares. Já o risco entre as contrapartes ocorre devido às negociações bilaterais, o que significa que a falência de uma parte pode afetar todas as outras. O risco sistêmico refere-se à possibilidade de uma inadimplência gerar um efeito dominó entre os agentes do mercado.
A proposta de uma contraparte central busca reduzir esses riscos, oferecendo maior segurança e previsibilidade para os envolvidos. Com isso, Takarabe acredita que o mercado de energia poderia ganhar mais liquidez e atrair investidores, tanto locais quanto internacionais. Para implementar essa estrutura, a N5X precisa obter licenças dos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central, com a intenção de replicar modelos de sucesso no mercado financeiro, como a B3, adaptados às especificidades do setor energético.