A inflação argentina caiu para 193% ao ano, permanecendo pela primeira vez em quase um ano abaixo dos 200%, segundo dados recentes do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Esse recuo na inflação é atribuído, em parte, à política de austeridade adotada pelo governo de Javier Milei, que reduziu drasticamente o consumo em um país onde mais de metade da população vive na pobreza. Em outubro, a inflação mensal foi de 2,7%, uma desaceleração em relação aos 3,5% registrados no mês anterior e o menor índice mensal desde novembro de 2021.
A redução na inflação, embora significativa, não trouxe alívio imediato para os consumidores, que estão enfrentando cortes nos subsídios de serviços públicos e um aumento nas demissões no setor público. Isso resultou em uma queda acentuada no poder de compra e em um cenário de consumo retraído, evidenciado pela diminuição das vendas no varejo. Alguns produtos, como carne bovina, registraram menor procura, especialmente após o fim do congelamento de preços estabelecido pelo governo anterior. Dados da indústria indicam que o consumo de carne bovina caiu para o menor nível em 13 anos nos primeiros seis meses do ano.
Apesar da desaceleração da inflação, os argentinos continuam a enfrentar uma economia desafiadora. O impacto das medidas de austeridade e a redução no consumo são sentidos no cotidiano, onde muitos recorrem a compras diárias em pequenas quantidades. Profissionais do setor alimentício relatam que a queda no consumo tem limitado o aumento dos preços em alguns itens básicos, mas também reflete as dificuldades econômicas da população em manter seus padrões de vida.