Após um período de mais de um ano de queda nos preços das carnes, a inflação voltou a subir em setembro e outubro no Brasil, especialmente em relação à carne bovina. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços das carnes aumentaram 8% nos últimos 12 meses, com destaque para cortes populares como patinho e contrafilé. Diversos fatores contribuem para essa alta, entre eles o ciclo pecuário, que está passando de uma fase de grande oferta para uma de menor disponibilidade de gado, devido a abates elevados nos últimos anos e a redução no número de nascimentos de bezerros.
Além disso, as condições climáticas desfavoráveis, como a seca e as queimadas, prejudicaram a produção de pasto, principal alimento do gado, o que tem levado os pecuaristas a reduzir o volume de bois disponíveis para abate. A escassez de pastagem também dificultou o confinamento dos animais, que é uma prática comum para engorda. Somado a isso, o aumento nas exportações brasileiras de carne bovina, impulsionado por uma alta demanda internacional e pela dificuldade de outros países em atender a esse mercado, tem reduzido a oferta interna, elevando os preços para os consumidores brasileiros.
Por fim, o crescimento da renda da população, com redução do desemprego e aumento do salário mínimo, tem estimulado o consumo de carne. A valorização da renda, especialmente com o pagamento do 13º salário e as festas de final de ano, deve continuar a aquecer a demanda e pressionar os preços. Esse cenário indica que, apesar de um possível alívio nos preços no curto prazo, a tendência é que os custos da carne bovina continuem elevados nos próximos anos, com previsão de alta também para 2025 e 2026.