O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) reforçou, durante um treinamento realizado em 23 de novembro, que os corretores do Enem 2024 devem aplicar atenção redobrada ao uso de repertórios socioculturais nas redações. A principal orientação foi para que as citações e referências a autores ou obras não sejam forçadas, ou seja, devem estar claramente relacionadas ao tema e à argumentação proposta pelo candidato. O Inep alertou sobre a utilização de “repertórios de bolso”, como citações genéricas e modelos pré-prontos de redação, que, muitas vezes, são usados de forma desconexa e sem real relevância para a proposta de redação.
De acordo com os corretores, o uso inadequado de repertórios ou a memorização de modelos pré-fabricados poderá resultar em penalizações significativas na nota da redação. As punições podem variar entre 40 a 80 pontos, com a possibilidade de uma redução ainda maior (até 200 pontos) caso o candidato utilize apenas um repertório de forma superficial, sem articulação com o conteúdo do texto. O Inep explicou que, embora as orientações não estejam explicitamente detalhadas na Cartilha do Participante, elas estão alinhadas com os princípios de coerência e a aplicação adequada de conceitos teóricos na redação, que são requisitos essenciais para uma boa avaliação.
O treinamento também destacou exemplos de repertórios que frequentemente aparecem de maneira inadequada, como o poema “No Meio do Caminho”, de Carlos Drummond de Andrade, ou a obra “Utopia”, de Thomas More. Embora o uso dessas referências não seja proibido, o Inep orientou que elas só sejam aceitas se forem bem contextualizadas no texto, sem parecerem deslocadas ou forçadas. A medida busca garantir que as redações apresentem uma argumentação sólida e bem estruturada, refletindo a capacidade do candidato em relacionar diferentes áreas do conhecimento ao tema proposto.