A diplomacia brasileira está empenhada em concluir as negociações para um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, com a expectativa de que os detalhes sejam acertados antes da cúpula do Mercosul no próximo mês, no Uruguai. No entanto, o agronegócio francês tem se mostrado um dos principais opositores, argumentando que as regras trabalhistas e ambientais mais rígidas na França dificultam a competição com os países latino-americanos. Representantes do bloco europeu buscam convencer o presidente Emmanuel Macron a aprovar o acordo, enfrentando uma crescente pressão interna.
Produtores agrícolas franceses intensificaram os protestos, bloqueando estradas com tratores e exigindo que o governo francês defenda o setor. A resistência ganhou apoio de grandes varejistas alimentares, como o Carrefour, que anunciou restrições à compra de carnes do Mercosul para suas lojas na França, alegando preocupações com padrões de produção distintos. No Brasil, a decisão gerou reações negativas, com boicotes de fornecedores e relatos de desabastecimento de carne bovina em algumas unidades da rede, o que foi negado pela empresa.
Além disso, empresas francesas como a Danone também foram envolvidas em controvérsias sobre práticas comerciais ligadas ao desmatamento, mas rapidamente negaram as informações divulgadas. O governo brasileiro não descarta que essas ações façam parte de uma estratégia coordenada para inviabilizar o acordo. O desfecho das negociações continua incerto, mas o episódio ilustra a complexidade dos interesses econômicos e ambientais em jogo nas relações entre os dois blocos.