Pesquisadoras da Unicamp analisaram 1.133 prontuários de mulheres vítimas de violência sexual atendidas no Hospital da Mulher da universidade, entre 2011 e 2018. O estudo revelou que 74,6% das pacientes apresentaram sintomas psiquiátricos após o abuso, como medo, ansiedade, depressão e ideação suicida. Além disso, cerca de 40% das vítimas relataram sentimentos de culpa e vergonha. A pesquisa destaca a prevalência de transtornos como insônia, alterações de apetite e pesadelos, além de traumas mais graves, como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Os dados indicam que, apesar da gravidade dos sintomas, muitas pacientes apresentam melhora significativa ao longo do tempo, principalmente com acompanhamento psicológico contínuo.
O estudo também revelou que uma significativa parcela das vítimas atendidas tem menos de 17 anos, e 20% já haviam sofrido abuso anteriormente. A ansiedade e os pensamentos suicidas são comuns, com aproximadamente 20% das pacientes mencionando pensamentos de morte. Segundo as pesquisadoras, a resposta rápida ao trauma e o acompanhamento psicológico especializado são fatores determinantes para a recuperação das vítimas, com resultados melhores em comparação com a média de outros estudos internacionais sobre o tema.
A denúncia e o processo judicial são frequentemente apontados por vítimas e especialistas como importantes etapas para a recuperação psicológica das sobreviventes. O apoio emocional, tanto da família quanto dos profissionais de saúde mental, e a criação de uma rede de suporte, são fundamentais para a superação do trauma. As vítimas de violência sexual podem procurar atendimento especializado no Caism 24 horas por dia, sem necessidade de encaminhamento médico ou registro policial. Além disso, serviços como o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferecem apoio psicológico gratuito para quem enfrenta problemas relacionados à saúde mental.