A vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 pode gerar impactos significativos no comércio bilateral entre os Estados Unidos e a Região Metropolitana de Campinas (RMC), que possui um dos maiores polos industriais do Brasil. O principal risco apontado é o possível fortalecimento do protecionismo econômico, com o objetivo de reverter a desindustrialização dos EUA e incentivar a produção interna. Isso poderia resultar na redução das importações de produtos brasileiros, especialmente aqueles de média e baixa complexidade, cujos processos de fabricação exigem grande quantidade de mão de obra. O economista Paulo Ricardo Oliveira, do Observatório PUC-Campinas, destacou que as políticas protecionistas podem gerar barreiras tarifárias e não tarifárias, afetando diretamente as exportações brasileiras.
Por outro lado, a possível reviravolta no cenário econômico também pode abrir oportunidades para a readequação da indústria brasileira, especialmente no que diz respeito às políticas comerciais. O estudo aponta que o impacto da política protecionista dos EUA pode, de alguma forma, fomentar uma maior flexibilidade das instituições multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), permitindo uma defesa mais eficaz de estratégias comerciais que favoreçam o desenvolvimento industrial local. A mudança de foco nas políticas comerciais pode ser uma chance para o Brasil alinhar sua produção à demanda de mercados mais restritos e exigentes.
O comércio entre a RMC e os EUA apresenta uma balança historicamente deficitária, com o Brasil importando mais do que exporta. Nos últimos anos, as exportações da região para os Estados Unidos apresentaram crescimento entre 2020 e 2023, mas uma desaceleração foi notada em 2024. Entre os principais produtos exportados em 2024 estão preparações de carne, petróleo e tratores de construção civil, enquanto as importações incluem agroquímicos, insumos farmacêuticos e medicamentos. A análise destaca que, apesar da queda nas exportações, a balança comercial ainda é equilibrada qualitativamente, com produtos de média e alta complexidade, o que reflete o alinhamento com a estrutura produtiva dos países desenvolvidos.