Um estudo publicado na Nature Scientific Reports prevê um aumento de 2% a 8% na disponibilidade de energia solar no Brasil nas próximas décadas, com exceção do Rio Grande do Sul, onde é esperada uma redução de até 3%. A pesquisa, realizada por especialistas da Unifesp em parceria com o Inpe, analisou dois cenários climáticos: um de progresso socioambiental lento, resultando em um aumento de temperatura de até 2,7°C até o final do século, e outro de crescimento econômico com baixa preocupação ambiental, onde a temperatura pode subir até 4,4°C. As regiões Centro-Oeste e Sudeste, especialmente Minas Gerais, devem registrar o maior crescimento na disponibilidade de energia solar.
A pesquisa também indica impactos positivos e negativos das mudanças climáticas. A maior incidência de energia solar nos meses mais secos poderá fortalecer a transição energética e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Entretanto, secas prolongadas e ondas de calor associadas ao aquecimento global podem comprometer a produção agrícola, o conforto térmico e a saúde da população, aumentando o consumo de energia elétrica para climatização. Essa situação demanda maior eficiência no uso energético e investimentos em diversificação da matriz energética brasileira.
Com base nesses resultados, os pesquisadores destacam a importância de políticas públicas para promover fontes renováveis e minimizar a dependência de hidrelétricas, que enfrentam riscos devido ao aumento do consumo e à redução do volume dos reservatórios. O estudo integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas e conta com apoio de instituições como Fapesp, CNPq e Capes, reforçando a relevância científica e prática da análise para o planejamento energético do país.