Uma parceria entre o Arquivo Geral da Cidade, o Google e a Universidade Federal Fluminense (UFF) permitiu que 124 filmes feitos por Paschoal Nardone, entre as décadas de 1920 e 1940, fossem digitalizados e disponibilizados online. Nardone, um cineasta amador que usava uma câmera Pathé-Baby de rolos de 9,5 mm, capturou cenas do Rio de Janeiro em uma época marcada por transformações urbanas e culturais. Os filmes, que estavam armazenados sem acesso público por mais de 50 anos, agora oferecem um vislumbre único da cidade do passado.
As imagens restauradas transportam o espectador para um Rio de Janeiro em transformação, com cenas de Copacabana nos anos 20, onde a praia ainda era menos urbanizada, e a moda dos banhistas era bem diferente da atual. Também são retratados momentos do Carnaval carioca da época, com foliões desfilando pelas ruas e danças no antigo Cassino Beira-Mar. As filmagens capturam não só a alegria e os costumes da época, mas também os desafios da cidade, como a ressaca na Praia do Flamengo, ainda sem aterro, e problemas recorrentes como os bolsões d’água que causavam transtornos no trânsito.
Além das cenas públicas, os filmes também revelam aspectos da vida privada da época, como passeios familiares e momentos de intimidade, como um banho de espuma em casa. Ao documentar cenas cotidianas e eventos da vida social e urbana, Nardone contribui para um registro visual valioso de uma cidade que, embora em constante evolução, já enfrentava questões de infraestrutura e modernização. O projeto de restauração e digitalização traz à tona uma parte do Rio de Janeiro que até então estava praticamente esquecida, oferecendo um importante legado histórico e cultural.