“Ainda Estou Aqui” é um filme dirigido por Walter Salles, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que narra a dolorosa busca da família Paiva por respostas após o desaparecimento forçado de Rubens Paiva, ex-deputado federal, durante a Ditadura Militar no Brasil. A trama aborda os momentos angustiantes da captura de Rubens em janeiro de 1971, quando militares o levaram de sua casa no Rio de Janeiro. Sua esposa, Eunice Paiva, foi também detida e permaneceu sob custódia por 12 dias. Após ser liberada, Eunice dedicou sua vida a investigar o paradeiro do marido e lutar por justiça em um período marcado por graves violações de direitos humanos.
Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro no longa, foi uma figura essencial na luta pela reparação das vítimas da ditadura e se tornou advogada na década de 1970. Ao longo de sua vida, trabalhou pela defesa dos direitos indígenas e pela criação de leis que reconhecessem os desaparecidos políticos. Eunice fundou o Instituto de Antropologia e Meio Ambiente em 1987 e foi consultora na Assembleia Nacional Constituinte de 1988. Em 1995, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou uma lei que permitiu a emissão das certidões de óbito dos desaparecidos durante o regime militar, incluindo a de Rubens, oficializada em 1996.
Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade divulgou um relatório que apontou as circunstâncias da morte de Rubens Paiva, após décadas de investigação e pressão por parte da família e de Eunice. Ela faleceu em 2018, aos 86 anos, após uma luta contra o Alzheimer, e sua história permanece como símbolo de resiliência e busca pela verdade. O filme, estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025, trazendo à tona a história de uma família que enfrentou o autoritarismo e a violência com determinação e dignidade.