O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda nomear uma representante da Frente Parlamentar Evangélica para um ministério, com foco na inclusão de uma mulher, em um movimento estratégico para fortalecer o relacionamento do governo com eleitores evangélicos e mulheres. Esses grupos, que atualmente demonstram resistência ao governo, são cruciais para a estabilidade e popularidade da administração do PT. Para viabilizar essa aproximação, integrantes do governo têm mantido diálogos intensos com a bancada evangélica, com uma reforma ministerial planejada após as eleições para a presidência da Câmara e do Senado em 2025.
Os nomes cotados para a pasta incluem figuras com experiência política e religiosa, como a senadora Eliziane Gama e a deputada Benedita da Silva, sendo o Ministério do Desenvolvimento Social um dos principais alvos de interesse, por abrigar o programa Bolsa Família. No entanto, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Silas Câmara, ressalta que há uma distância entre as intenções do governo e a realidade das políticas praticadas. Ele menciona temas sensíveis para a bancada, como educação infantil e aborto, e argumenta que o governo precisa alinhar suas ações ao discurso de aproximação.
Parlamentares evangélicos, porém, enfrentam desafios internos, com críticas de líderes ligados ao bolsonarismo, que acusam Lula de tentar manipular a fé dos evangélicos para obter apoio político. Ao mesmo tempo, uma ala da bancada evangélica, que se sente desamparada pelo ex-presidente Bolsonaro, busca um diálogo mais discreto com o governo, em uma estratégia que permite participação sem aderir diretamente a pautas de esquerda. Observadores políticos notam que esse cenário reflete as tensões e divisões internas na base bolsonarista, à medida que a direita brasileira se fragmenta em diversas agendas e interesses.