O governo de Israel encerrou sua relação institucional com o jornal Haaretz, o mais antigo e um dos mais influentes do país, após publicações críticas à gestão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. A decisão, tomada no domingo (24), veio acompanhada de acusações contra o editor-chefe do veículo, Amos Schocken, por supostas declarações em eventos internacionais que apoiariam sanções contra o governo israelense e legitimariam ações contrárias ao Estado. O Haaretz refuta essas alegações e nega qualquer apoio ao Hamas, destacando sua independência editorial.
Nos últimos meses, o jornal intensificou sua cobertura da guerra no Oriente Médio, incluindo reportagens sobre reféns em poder do Hamas e críticas à condução do conflito na Faixa de Gaza. O governo justificou o rompimento alegando que as publicações ferem a legitimidade do país e seu direito de autodefesa. Em editorial, o Haaretz apontou que a decisão não passou por revisão legal e comparou as ações de Netanyahu às de líderes que restringem a liberdade de imprensa em outros países, afirmando que o premiê busca enfraquecer a democracia israelense.
Em resposta, o Haaretz lançou uma campanha para arrecadar fundos por meio de novas assinaturas, reforçando seu compromisso com a liberdade de expressão. O episódio ocorre em um contexto de tensões políticas e sociais em Israel, com a mídia desempenhando um papel central na análise e debate das ações governamentais durante o conflito.