O governo brasileiro segue debatendo um pacote de corte de gastos públicos, necessário para manter o arcabouço fiscal aprovado no ano anterior. As negociações, que entraram na terceira semana, enfrentam desafios internos e resistência entre ministros, enquanto o mercado financeiro aguarda definições para entender o impacto nas contas públicas. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, ficou no Brasil a pedido do presidente Lula para avançar nas discussões, adiando uma viagem à Europa. Os líderes da Câmara e do Senado devem se reunir para discutir o pacote, mas a falta de detalhes aumenta a apreensão entre investidores e setores políticos.
O pacote inclui medidas legislativas que, além de atenderem a expectativas do mercado, precisam do apoio do Congresso para serem implementadas. Contudo, a ausência de definições concretas pressiona a economia, refletindo-se na alta do dólar, no aumento dos juros futuros e na queda da Bolsa de Valores. Haddad tem argumentado que o governo está ciente das preocupações do mercado e que as medidas necessárias para manter o arcabouço fiscal serão apresentadas em breve. Ao mesmo tempo, setores do governo e economistas alertam para os riscos da falta de controle sobre despesas obrigatórias, que comprimem o espaço para políticas públicas e podem ameaçar a sustentabilidade fiscal do país.
Enquanto as discussões sobre o pacote continuam, um grupo de acadêmicos, economistas, sindicalistas e parlamentares publicou um manifesto contrário às medidas de austeridade, criticando o impacto social das políticas propostas e defendendo mudanças no Novo Arcabouço Fiscal. Segundo o manifesto, as políticas de contenção de gastos sociais beneficiariam rentistas e limitariam investimentos públicos essenciais. O grupo defende que o arcabouço fiscal deve ser alterado para priorizar a inclusão e proteção social, enquanto a equipe econômica argumenta que os cortes são indispensáveis para a estabilidade econômica e a confiança no mercado.