O governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um pacote de medidas para cortar gastos públicos, com o objetivo de controlar a dívida do país e manter o arcabouço fiscal, aprovado no ano anterior. O pacote inclui mudanças no salário mínimo, na aposentadoria de militares e nas regras do abono salarial. O Executivo espera economizar cerca de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos com essas reformas, mas as propostas ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional. A principal meta é limitar o crescimento dos gastos e evitar o aumento da dívida pública, o que poderia gerar pressões sobre o dólar e a inflação.
Uma das mudanças propostas é o limite de aumento real do salário mínimo, que passaria a ser de 2,5% ao ano, em vez de acompanhar o crescimento do PIB. O governo também propôs a ampliação do limite de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, um ajuste que beneficiaria cerca de 30 milhões de contribuintes, mas que tem gerado preocupação quanto ao impacto nas finanças públicas. Além disso, há a intenção de ajustar a previdência dos militares, com a eliminação de privilégios e a criação de regras mais rigorosas para o acesso a pensões e aposentadorias.
O pacote também inclui mudanças nos critérios do abono salarial e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que devem reduzir o número de beneficiários e os custos relacionados. Embora o governo tenha afirmado que essas reformas são necessárias para equilibrar as contas, as medidas geraram reações no mercado financeiro, com a desvalorização do real e aumento dos juros futuros. O risco de uma paralisia na execução de políticas públicas essenciais, como saúde, educação e programas sociais, tem gerado preocupação, pois sem a implementação de cortes eficientes, o espaço para gastos discricionários poderia desaparecer nos próximos anos.