O governo brasileiro, após quatro dias de reuniões lideradas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros, ainda não chegou a uma decisão final sobre um pacote de medidas de corte de gastos, aguardado pelo mercado. Entre as alternativas discutidas pela equipe econômica está a reformulação do abono salarial, benefício que funciona como um 13º salário para trabalhadores formais com renda de até dois salários mínimos. O redesenho proposto visa concentrar o benefício nos trabalhadores de menor renda, em meio a um aumento do número de beneficiários impulsionado pela política de valorização do salário mínimo.
O governo também debate mudanças em outros pontos das políticas sociais. Medidas para otimizar a revisão de benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) foram sugeridas, incluindo a ampliação da exigência de biometria e a revisão dos cadastros a cada 24 meses, em vez dos 48 meses atuais. O ministro Wellington Dias enfatizou que o foco é garantir que os direitos sociais sejam mantidos para quem realmente necessita, sem cortes para beneficiários legítimos.
A decisão sobre o pacote de cortes ainda está em discussão, e uma nova reunião com Lula está agendada para esta sexta-feira. Embora não se espere um anúncio imediato, o presidente quer apresentar as propostas aos líderes do Congresso antes de uma divulgação oficial, prevista para segunda-feira. O pacote faz parte de um esforço maior para reestruturar as despesas públicas e enfrentar os riscos fiscais, que preocupam o mercado e desafiam as metas de déficit zero para 2024 e 2025.