A expectativa por medidas de cortes de gastos pelo governo Lula, reforçada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, impulsionou a valorização do real nesta segunda-feira, 4. Após registrar uma alta expressiva na sexta-feira, o dólar caiu 1,47%, fechando o dia cotado a R$ 5,7831. O real se destacou entre as moedas emergentes e de países exportadores de commodities, refletindo uma melhora no ambiente externo, com o índice DXY em queda e a desvalorização das taxas dos Treasuries dos Estados Unidos.
A reversão parcial das apostas no chamado Trump trade, associada ao avanço da candidata democrata Kamala Harris nas pesquisas americanas, contribuiu para a apreciação das moedas emergentes. Apesar disso, o mercado permanece cauteloso em função das incertezas da eleição presidencial americana, que continua gerando volatilidade. No cenário interno, o cancelamento de uma viagem internacional do ministro Haddad indicou maior prioridade à agenda fiscal, com discussões avançadas sobre um pacote de medidas que incluem ajustes em despesas obrigatórias, embora mudanças em áreas como saúde e educação sejam descartadas.
Ainda assim, economistas alertam que, sem um corte robusto de gastos, o dólar pode voltar a subir, superando a marca de R$ 6,00. A proximidade de decisões importantes de política monetária, como o aumento esperado da Selic e a possível redução da taxa pelo Federal Reserve, também impacta o cenário. A combinação de juros internos mais altos e alívio monetário nos EUA poderia favorecer o real, mas a percepção de risco fiscal e as incertezas externas ainda deixam investidores reticentes, evitando apostas mais assertivas na moeda brasileira.