A poucos dias da Cúpula do G20, que acontecerá no Rio de Janeiro, as expectativas estão altas em relação aos temas que serão debatidos entre as principais economias do mundo. O G20 reúne duas terças partes da população global e 85% do PIB mundial, tornando seu encontro uma plataforma decisiva para estabelecer paradigmas sobre questões globais, com foco em estratégias de implementação. Neste contexto, a coalizão G20 pelo Impacto (G20FI), formada por 50 organizações nacionais e internacionais, preparou uma série de recomendações sobre a transição para uma economia mais inclusiva, equitativa e regenerativa, com o objetivo de engajar os líderes do G20 em propostas concretas para enfrentar crises climáticas e promover a inclusão social.
Entre as principais iniciativas propostas pelo G20FI está a criação de um fundo híbrido de finanças, combinando capital público e privado, para mitigar os riscos sistêmicos e atrair investimentos privados para a transição econômica. A coalizão também sugere uma reforma na governança global dos bancos de desenvolvimento, com maior responsabilidade nas respostas a emergências climáticas, e apoia a implementação de uma taxação progressiva sobre grandes fortunas, ideia defendida por economistas como Gabriel Zucman. Fukayama, coordenador do G20FI, destaca a importância de uma ação coordenada entre os países do G20 para evitar a evasão de riquezas e garantir uma aplicação eficaz das políticas.
Embora as propostas do G20FI possam não ser incorporadas imediatamente na declaração dos líderes nesta Cúpula, o grupo acredita que há um potencial crescente para que essas pautas avancem em reuniões futuras, como a prevista para o próximo ano, na África do Sul. Fukayama também vê um cenário mais favorável ao diálogo sobre mudanças climáticas, especialmente com a administração dos Estados Unidos, destacando a possível redução do negacionismo climático e a pressão crescente da sociedade e do mercado sobre políticas públicas mais sensíveis a questões ambientais.