Os fundos comunitários têm desempenhado um papel crucial no apoio a iniciativas voltadas para a garantia de direitos e a sustentabilidade de povos tradicionais no Brasil. Um exemplo é o Fundo Babaçu, criado pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que oferece apoio financeiro a ações de segurança alimentar e geração de renda para as quebradeiras de coco babaçu em estados como Maranhão, Pará e Tocantins. Essas iniciativas são organizadas e implementadas pelas próprias comunidades, visando atender às necessidades locais de maneira autônoma e inclusiva.
Recentemente, o Fundo Babaçu expandiu sua atuação para apoiar a regularização territorial, uma questão central na luta das quebradeiras pelo direito de acesso aos babaçuais. Através de colaborações com órgãos fundiários, o fundo busca agilizar processos legais e garantir títulos coletivos de propriedade, permitindo que comunidades como a de Santa Severa, no Maranhão, e Tauri, no Pará, fortaleçam seu vínculo com a terra. Esses projetos também envolvem a elaboração de legislações estaduais que reconhecem o direito dessas mulheres a seus territórios tradicionais, destacando a importância da preservação ambiental e cultural desses povos.
A relevância dos fundos comunitários foi novamente destacada na Conferência das Nações Unidas para a Biodiversidade (COP16), onde a necessidade de ampliar o financiamento direto a comunidades tradicionais foi reforçada. Em paralelo, outras iniciativas, como o Fundo Socioambiental da Caixa, têm investido em soluções locais de sociobiodiversidade e segurança alimentar, conectando grandes financiadores com organizações comunitárias em todo o Brasil. Essas ações refletem uma crescente mobilização para garantir que os fundos comunitários sejam ferramentas estratégicas de autonomia e preservação dos modos de vida tradicionais.