Morreu no Rio de Janeiro, aos 88 anos, Evandro Teixeira, um dos maiores mestres do fotojornalismo brasileiro. Com uma trajetória marcada por coberturas históricas, ele imortalizou momentos significativos da luta contra a ditadura militar no Brasil, como a Passeata dos Cem Mil em 1968. Suas lentes capturaram de forma única a emoção e a relevância desses eventos, como a ocupação do Forte de Copacabana em 1964, quando driblou a segurança para garantir registros exclusivos.
Evandro Teixeira iniciou sua carreira na década de 1950, vindo da Bahia para o Rio de Janeiro com uma carta de recomendação e um talento notável que o levaria a se destacar no Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos. Seu trabalho ultrapassou fronteiras ao cobrir o golpe militar no Chile em 1973, registrando momentos de grande relevância histórica, como as violações de direitos humanos e o velório do poeta Pablo Neruda. Nessas ocasiões, Evandro demonstrou coragem e sensibilidade, registrando imagens que se tornaram ícones da resistência e da denúncia.
Além de seu papel como cronista visual da história, Evandro Teixeira criou imagens que são verdadeiras obras de arte, repletas de sensibilidade e cuidado técnico. Seu olhar transformava elementos cotidianos em composições inesquecíveis, como o sol refletindo entre as bailarinas do Cantagalo ou as libélulas vistas nas baionetas. A importância de seu legado foi reconhecida em vida, inclusive por Carlos Drummond de Andrade, que dedicou um poema ao fotógrafo, enaltecendo a capacidade de sua lente de enriquecer a visão humana e transformar momentos em arte atemporal.