A 14ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) teve início no Rio de Janeiro, reunindo mais de 90% de sua programação composta por mulheres negras. O evento, que ocorre de 11 a 17 de novembro no Circo Voador, coloca em pauta temas urgentes das periferias brasileiras e globais, incluindo questões raciais, de gênero e climáticas. A abertura contou com um debate que abordou as principais demandas das comunidades periféricas, tanto do passado quanto do presente, diante das novas dinâmicas sociais.
Entre as atividades, a Flup traz a participação de autores nacionais e internacionais, além de oficinas formativas, apresentações artísticas, saraus e lançamentos de editoras. O tema deste ano, “Roda a saia, gira a vida”, busca alinhamento com o pensamento de Angela Davis, que destaca a importância do movimento das mulheres negras na transformação social. Personalidades como a ativista Neon Cunha, a deputada Benedita da Silva e a diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, participaram das discussões iniciais do evento.
A edição deste ano homenageia Maria Beatriz Nascimento, historiadora, poeta e cineasta que dedicou sua vida à defesa dos direitos humanos para negros e mulheres no Brasil. Inspiradora para uma nova geração de escritoras negras, Maria Beatriz é lembrada por sua visão de que as favelas funcionam como quilombos contemporâneos, fontes de resistência, saber e organização. Suas reflexões sobre a experiência humana e o conceito do quilombo como espaço de luta e paz continuam a influenciar discussões sobre estratégias de enfrentamento e sobrevivência nas periferias.