O projeto da Ferrogrão, uma ferrovia de 933 km planejada para conectar Sinop (MT) ao Porto de Miritituba (PA), enfrenta desafios ambientais e econômicos desde sua concepção. A ferrovia, criada para escoar a produção de grãos, depende de alterações nos limites do Parque Nacional do Jamanxim, em Pará, realizadas em 2016 por medida provisória. Essas mudanças permitiram a construção em uma área de conservação, mas foram contestadas no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma ação de inconstitucionalidade, o que resultou na suspensão da lei que as autorizava. A obra foi recentemente incluída no Novo PAC, sob o formato de estudos para novas concessões.
Para viabilizar a construção, o governo considera a possibilidade de um modelo de concessão casada com a BR-163, com o objetivo de minimizar a concorrência entre os modais ferroviário e rodoviário. A estratégia visa agregar valor ao projeto, aumentando sua atratividade para investidores, já que a construção de ferrovias requer altos investimentos iniciais. Outra medida estudada é realizar o licenciamento ambiental antes do leilão, na tentativa de reduzir os riscos envolvidos e atrair maior interesse do mercado.
O debate sobre o traçado e a viabilidade econômica reflete a complexidade do projeto, que tem o potencial de transformar a logística do escoamento de grãos no Brasil, mas esbarra em questões ambientais e regulatórias. A decisão final do STF sobre a alteração nos limites do Parque Nacional do Jamanxim será fundamental para definir os rumos da ferrovia. Enquanto isso, o governo continua buscando soluções para tornar o empreendimento viável sem comprometer a conservação ambiental e a competitividade econômica.