Após uma cheia que inundou a Praça da Alfândega em maio e ameaçou a realização de um dos eventos literários mais tradicionais do país, a Feira do Livro de Porto Alegre renasce como símbolo de resistência e união. Em 2024, a feira traz 72 bancas de livros, três a mais que no ano anterior, e conta com o apoio coletivo da comunidade para reerguer a praça que abriga o evento. Para muitos livreiros, como Roseni Kohlmann, que salvou cerca de 5 mil livros da enchente, o retorno à feira é uma vitória, e cada exemplar resgatado representa um esforço valioso diante dos desafios enfrentados.
As perdas foram significativas para os participantes, como no caso do editor Luís Fernando Araújo, que viu 33 mil livros e lembranças preciosas desaparecerem com a enchente. Ele relata a dor de perder livros com comentários manuscritos de autores, um vínculo único que não pôde ser preservado. No entanto, a presença renovada de livreiros e o aumento de 30% nas vendas nos primeiros dias em relação ao mesmo período de 2023 mostram a resiliência e a importância da feira para a cidade e para o setor literário.
A Feira do Livro de Porto Alegre também carrega um espírito de reconstrução, expresso pela contadora de histórias Bárbara Catarina, que viu sua casa destruída, mas permanece com esperança e determinação. Para ela e outros envolvidos, o evento representa mais do que vendas; é um espaço que fortalece e une livreiros, ilustradores, gráficas e o público, celebrando a capacidade de superação e o papel essencial da cultura em tempos de adversidade.