A exposição “Onde há fumaça: arte e emergência climática”, realizada no Museu Paulista da USP, estabelece um diálogo entre o acervo histórico do museu e obras contemporâneas, abordando a relação entre progresso e degradação ambiental no Brasil. A mostra é inaugurada com a releitura de Jaime Lauriano de “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, contrastando a visão heroica de 1888 com uma paisagem marcada pela devastação ambiental. Dividida em cinco núcleos, a curadoria explora temas como monocultura, urbanização, desmatamento e biodiversidade, incentivando o público a observar criticamente as transformações territoriais e os impactos das atividades humanas.
Com curadoria do coletivo Micrópolis, a exposição propõe reflexões profundas sobre a emergência climática e o modelo de desenvolvimento brasileiro. Obras de artistas históricos como Benedito Calixto e contemporâneos como Uýra Sodoma são combinadas com fotografias e registros históricos que documentam práticas agrícolas predatórias, urbanização e exploração ambiental. A iniciativa busca aproximar a sociedade dos debates sobre sustentabilidade e resiliência, destacando formas ancestrais de manejo sustentável e a resistência de comunidades indígenas e quilombolas.
A mostra, que reúne cerca de 80 obras, reforça o papel do Museu Paulista como espaço de diálogo entre arte, ciência e ativismo. A exposição aponta para a importância de ações concretas para enfrentar os desafios climáticos e repensar as práticas humanas em relação ao meio ambiente. Com uma abordagem educativa e acessível, a programação inclui percursos temáticos e iniciativas para estimular discussões sobre o impacto das mudanças climáticas e a preservação do patrimônio ambiental e cultural brasileiro.