A exposição temporária “Onde Há Fumaça,” em cartaz no Museu do Ipiranga até fevereiro de 2025, revisita a história das paisagens brasileiras com uma abordagem crítica sobre a destruição ambiental. Com curadoria do grupo Micrópolis, formado por arquitetos e especialistas, a mostra utiliza um acervo diverso que inclui pinturas, fotografias, obras contemporâneas e até dados científicos para instigar a reflexão sobre o impacto humano na natureza. Segundo o diretor do museu, Paulo César Marins, esta abordagem desafia a instituição a reexaminar seu próprio acervo sob uma nova ótica, destacando a necessidade de diferentes perspectivas para entender a história ambiental do país.
Organizada em cinco capítulos, a exposição percorre temas como monocultura, domesticação animal, pavimentação urbana, poluição das águas e a degradação do solo, revelando como esses processos moldaram a paisagem natural e social do Brasil. As obras exibidas trazem à tona a relação entre escolhas políticas e a crise climática, abordando desde a monocultura cafeeira sustentada pelo trabalho escravo até a contaminação de rios urbanos. Em especial, o capítulo sobre a monocultura conecta a prática ao racismo estrutural e à devastação ambiental, promovendo um olhar reflexivo e crítico sobre a formação socioeconômica do país.
A exposição não oferece respostas prontas para a crise ambiental, mas busca abrir o debate e convidar os visitantes a refletirem sobre a relação do homem com o meio ambiente. De acordo com o curador Vítor Lagoeiro, a proposta é criar um espaço para discussões que conectem o passado ao presente e evidenciem alternativas de convivência mais respeitosas, como as práticas indígenas que ainda sobrevivem. “Onde Há Fumaça” visa fomentar uma consciência crítica nos visitantes, permitindo uma leitura histórica do impacto ambiental humano e sugerindo possíveis caminhos de reconciliação com a natureza.