O Ministério Público da Guatemala solicitou uma sentença de 2.860 anos de prisão para um ex-general do Exército acusado de genocídio e desaparecimento forçado de dezenas de indígenas durante a guerra civil (1960-1996). O pedido inclui penas de 30 anos por genocídio e crimes de lesa-humanidade, além de 2.800 anos por desaparecimento de 70 pessoas. Apesar da gravidade das acusações, a legislação guatemalteca limita o cumprimento da pena máxima a 50 anos de reclusão.
O processo atual representa o segundo julgamento de genocídio na Guatemala, depois da condenação histórica do ex-ditador Efraín Ríos Montt em 2013, anulada posteriormente. Durante os sete meses de julgamento, foram apresentados documentos militares, provas forenses e depoimentos de sobreviventes, com destaque para o sofrimento infligido a crianças, idosos e mulheres grávidas. Segundo a acusação, as forças armadas da época consideravam a etnia maia ixil como “inimigo interno,” visando à destruição do grupo.
A guerra civil guatemalteca resultou em cerca de 200 mil mortos e desaparecidos, com uma grande parcela atribuída à repressão militar contra populações indígenas acusadas de apoiar a guerrilha. Este caso traz à tona as práticas violentas empregadas durante o conflito e reitera a busca de justiça pelas vítimas.