Uma pesquisa inédita do Instituto do Coração (InCor) da USP, em colaboração com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e a Faculdade de Medicina da USP, revelou dados alarmantes sobre os cigarros eletrônicos. O estudo constatou que os níveis de nicotina nos usuários de vape podem ser até seis vezes mais elevados do que nos fumantes de cigarro convencional, sugerindo um risco substancialmente maior para a dependência. A pesquisa foi realizada com frequentadores de bares e eventos em várias cidades de São Paulo, e mediu os níveis de nicotina e cotinina nos participantes, além de avaliar o comportamento e os hábitos dos usuários.
A pesquisa também destacou que a maioria dos usuários de cigarros eletrônicos tenta parar, mas sem sucesso, evidenciando a dificuldade de romper a dependência. A coordenadora do estudo, professora Jaqueline Scholz, enfatizou que a nicotina nos vaporizadores é mais concentrada, e a adoção de sais de nicotina nos dispositivos pode facilitar o vício devido à sua menor taxa de metabolização e maior efeito sobre os canais dopaminérgicos, responsáveis pela sensação de prazer. Além disso, os cigarros eletrônicos apresentam partículas ultrafinas que podem ser prejudiciais à saúde, mesmo sem o efeito irritante da fumaça.
O estudo também revelou que muitos usuários desconhecem a presença de nicotina nos dispositivos, principalmente nos modelos descartáveis e recarregáveis que utilizam sais de nicotina. A pesquisa sublinha a importância de estratégias educativas e de regulamentação para reduzir os impactos desse novo vício, destacando a necessidade de informar a população sobre os riscos do cigarro eletrônico. Além disso, a professora Scholz defende a proibição do produto, alertando que a liberação no mercado pode resultar em maiores danos à saúde pública, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS).