Um estudo da Rede de Observatórios da Segurança revelou que, em 2023, mais de 4.000 pessoas foram mortas por policiais no Brasil, das quais 87,8% eram negras. A análise, baseada em dados de nove estados, evidencia que a maioria das mortes ocorridas por intervenção do Estado vitima principalmente pessoas negras, com destaque para os altos índices na Bahia (94,6%) e Pernambuco (95,7%). A cientista social Silvia Ramos considera os números alarmantes e aponta o racismo estrutural como uma das causas do padrão, refletindo-se de forma mais severa na segurança pública.
A Bahia destacou-se com o maior número de mortes por ação policial, totalizando 1.702 vítimas, e registrando um aumento de 161% desde o início do monitoramento em 2019. O estudo também aponta que jovens entre 18 e 29 anos representam a maioria dos mortos, com o Ceará sendo o estado com maior percentual desse grupo (69,4%). Além disso, os dados mostram que 243 crianças e adolescentes de 12 a 17 anos foram vítimas de ações policiais. Em alguns estados, como Amazonas e Maranhão, houve uma diminuição da letalidade policial em 2023, enquanto outros, como São Paulo e Pernambuco, registraram aumento.
Diversas secretarias estaduais de segurança se manifestaram sobre o estudo, mencionando esforços para reduzir a letalidade policial e implementar medidas de transparência e formação dos agentes. Destacam-se as iniciativas no Pará, com uso de câmeras corporais e políticas de inclusão social, e no Ceará, que articula ações com a Secretaria de Igualdade Racial. Contudo, em estados como Maranhão, Ceará e Amazonas, a falta de informações completas sobre raça e cor das vítimas ainda dificulta uma análise mais precisa da realidade, segundo os organizadores do estudo, que reforçam a importância da transparência dos dados.