Pesquisas realizadas pela Unicamp em Campinas mostram que o aumento da temperatura média pode ter um impacto significativo no crescimento dos casos de dengue no Brasil. De acordo com um estudo recente, um aumento de 1 grau na temperatura pode resultar em até 40% mais casos de dengue dois meses depois, em comparação com períodos de temperaturas mais baixas. A cidade de Campinas está enfrentando a maior epidemia de dengue desde 1998, com mais de 120 mil casos registrados e dezenas de mortes, e o impacto do calor na propagação do mosquito Aedes aegypti se torna cada vez mais evidente.
Os pesquisadores do Instituto de Economia da Unicamp analisaram os dados de casos de dengue de 2013 a 2022 e descobriram que, ao contrário do que se esperava, a temperatura teve um papel mais determinante no aumento dos casos do que a precipitação. Embora a chuva contribua para a proliferação de criadouros, o calor acelera o ciclo de vida do mosquito, tornando-o mais rápido e aumentando sua população em um curto período de tempo. A pesquisa aponta que o ciclo do Aedes aegypti pode ser reduzido em até 3 dias com o calor, resultando em mais mosquitos em circulação e, consequentemente, mais casos de dengue.
Além das condições climáticas, fatores como o acúmulo de água parada em áreas urbanas e a circulação de diferentes sorotipos do vírus também influenciam o aumento da doença. O estudo, publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, também destaca a importância da conscientização da população para o combate à dengue, como evitar focos de água parada e manter os quintais limpos. A metodologia utilizada pelos pesquisadores está disponível para outras cidades, permitindo que localidades em todo o Brasil possam adotar abordagens semelhantes para monitorar e controlar a propagação da doença.