Uma pesquisa conduzida pela PUC Minas investigou o perfil e as necessidades das trabalhadoras sexuais na Rua Guaicurus, área conhecida pelo intenso movimento de boemia no centro de Belo Horizonte. O levantamento revelou que há cerca de quatro mil profissionais do sexo, entre mulheres cis e trans, que trabalham em 24 hotéis da região. Das 360 mulheres entrevistadas, a maioria ressaltou a importância de políticas públicas para garantir direitos e condições de saúde, além de assistência jurídica e social.
O estudo também abordou a questão da violência e discriminação vividas por essas profissionais. Cerca de 74% das entrevistadas afirmaram já terem passado por situações de violência ou preconceito, com 267 delas relatando experiências pessoais dessas ocorrências. Outras dificuldades destacadas foram o estigma social, a necessidade de levar uma vida dupla e a falta de direitos trabalhistas e garantias legais que outras profissões possuem. A luta pela regulamentação da profissão foi mencionada como uma demanda essencial, com quase 70% das entrevistadas apoiando essa medida.
A Rua Guaicurus, palco de inúmeras histórias e retratada na mídia e literatura, carrega uma longa história de prostituição na cidade, remontando à fundação de Belo Horizonte em 1897. Com o passar das décadas, o espaço se consolidou como ponto de trabalho para essas mulheres, que continuam reivindicando reconhecimento e apoio em relação aos direitos básicos. A pesquisa da PUC Minas busca dar visibilidade ao tema e servir de base para futuras políticas públicas que possam garantir melhores condições de vida para essas trabalhadoras.