Uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, divulgada no Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, aponta que quase 17 milhões de brasileiras já enfrentaram ou enfrentam risco de feminicídio. O levantamento, realizado com 1.353 mulheres, revela que 21% delas já foram ameaçadas de morte por parceiros, ex-parceiros ou namorados. Entre as mulheres negras, a porcentagem de ameaças é ainda maior, destacando as desigualdades raciais no impacto da violência de gênero. Além disso, seis em cada dez mulheres conhecem alguém que foi ameaçada de morte, reforçando a extensão do problema.
A pesquisa também revela que a dependência econômica (64%) e o medo de represálias fatais (59%) são os principais fatores que impedem mulheres de romperem relacionamentos abusivos. Ciúmes e possessividade foram citados como causas frequentes de feminicídio por quase 90% das entrevistadas, enquanto 44% apontaram a cultura machista como um agravante. Apesar da existência de medidas protetivas, a sensação de impunidade prevalece, com mais de dois terços das mulheres acreditando que os agressores não enfrentam consequências legais efetivas.
A conscientização e o papel da mídia foram destacados como fundamentais para combater o feminicídio. A maioria das entrevistadas acredita que redes sociais podem mobilizar e educar a sociedade, propondo estratégias como campanhas educativas, monitoramento de conteúdos violentos e apoio às vítimas. Contudo, desafios permanecem: 80% das entrevistadas criticam a atuação da polícia e do sistema judiciário no enfrentamento da violência contra a mulher. A pesquisa reforça a urgência de políticas públicas mais efetivas e do apoio estatal para garantir segurança às mulheres ameaçadas.