Um estudo divulgado pela Fundação do Câncer alerta para a alta letalidade de diversos tipos de cânceres relacionados ao tabagismo no Brasil, destacando que mais da metade dos pacientes diagnosticados com essas doenças não sobrevivem. Entre os tipos mais letais estão o câncer de esôfago, com taxa de letalidade superior a 80%, e cânceres de cavidade oral, estômago, cólon, reto, laringe, colo do útero e bexiga. O estudo enfatiza que o tabagismo continua sendo um dos maiores responsáveis por mortes evitáveis no país, não apenas no câncer de pulmão, mas também em outras formas agressivas da doença.
Em 2022, os cânceres relacionados ao tabagismo representaram 26,5% das mortes por câncer no Brasil e 17,2% dos novos casos estimados para 2024. A pesquisa revela variações regionais significativas nas taxas de letalidade, com destaque para o câncer de esôfago no Sudeste, onde a taxa entre homens é alarmante, chegando a 98%. O estudo também destaca que a letalidade varia entre homens e mulheres, com alguns tipos de câncer apresentando um risco maior para um dos sexos, como o câncer de laringe, que tem uma taxa de letalidade de 65% entre os homens.
Os pesquisadores alertam que, embora o tabagismo não seja a única causa desses cânceres, ele é um fator de risco extremamente forte, especialmente para os cânceres que afetam células epiteliais, como os de cavidade oral e colo do útero. A exposição ao tabaco danifica o epitélio dessas células e pode reduzir a imunidade local, aumentando a vulnerabilidade a infecções e a propagação de doenças como o HPV, que está diretamente ligado ao câncer de colo do útero. O estudo conclui que o tabagismo continua sendo uma das principais causas evitáveis de câncer e mortes no Brasil, com um impacto direto sobre a saúde pública.