Eduardo dos Santos, de 18 anos, percorreu 16 horas de viagem desde o Arquipélago do Bailique até Macapá para realizar as provas do Enem, enfrentando dificuldades que vão além da distância. A região onde vive sofre com erosão, seca e salinização das águas, tornando a preparação para o exame ainda mais complexa pela falta de estrutura e recursos. No entanto, o que mais impactou Eduardo foi a perda de sua avó no primeiro dia do exame, com quem ele teve uma ligação muito forte e de quem não pôde se despedir devido à viagem.
Antes da perda da avó, Eduardo já havia enfrentado outra tragédia: uma prima, alérgica a picadas de inseto, faleceu na semana anterior ao exame devido à falta de atendimento médico adequado. A seca e o assoreamento dos rios dificultaram o acesso aos serviços de saúde, o que contribuiu para o agravamento do quadro da prima. Mesmo em meio às perdas e obstáculos, Eduardo se manteve determinado a realizar o Enem e demonstrou otimismo, valorizando a dedicação dos professores e da escola em prepará-lo para o exame.
Eduardo pretende cursar Biologia e espera que sua formação acadêmica o ajude a melhorar a vida da comunidade do Bailique, que enfrenta desafios ambientais severos. As comunidades locais, como Ponta da Esperança e Ilha das Marrequinhas, têm sido diretamente impactadas pela estiagem e pelo assoreamento, obrigando os moradores a escavar pontos de navegação para não ficarem isolados. Em meio a essas dificuldades, o jovem estudante acredita que a força de vontade e o apoio recebido o impulsionarão a superar as adversidades e alcançar seus objetivos.