Materiais apreendidos na residência de um ex-integrante da Secretaria-Geral da Presidência revelam estratégias para interferir nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado ocorrida em janeiro de 2023. Entre os documentos encontrados, destaca-se um plano voltado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigava os atos golpistas, com o objetivo de transferir a responsabilidade para o governo atual e minar a credibilidade das autoridades envolvidas. A estratégia visava, ainda, pressionar pela abertura de um processo de impeachment contra o presidente da República.
Os documentos indicam também esforços para desgastar o Supremo Tribunal Federal (STF), em particular seu presidente, e questionar a legalidade das prisões relacionadas aos eventos de janeiro. Um dos objetivos principais era criar uma narrativa que equiparasse as detenções de envolvidos nos atos golpistas com abusos históricos de poder, incluindo comparações controversas. Além disso, foram encontradas anotações sobre como atacar a Polícia Federal, acusando a corporação de abusos durante as investigações.
Além das orientações sobre a CPMI, os materiais apontam uma tentativa de responsabilizar o então ministro da Justiça por omissão durante a tentativa de golpe. Essas estratégias, que envolviam a criação de um discurso opositor ao governo e à atuação das instituições, revelam um esforço coordenado para desestabilizar as investigações e manipular a percepção pública sobre os eventos de janeiro de 2023.