Em meio à aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, jovens compartilharam nas redes sociais relatos de fraudes, admitindo o uso de modelos de redação pré-prontos durante a prova. Muitos estudantes imprimiram e esconderam textos genéricos que pudessem ser adaptados ao tema deste ano. Embora o edital do Enem estabeleça a eliminação para quem se beneficia de fraudes, alguns candidatos afirmam que não foram flagrados, e a publicação dessas práticas nas redes continua sendo um desafio para a fiscalização do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que reiterou a possibilidade de desclassificação a qualquer momento.
Esses modelos de redação circulam amplamente na internet e, segundo especialistas, tendem a prejudicar o desenvolvimento das habilidades de argumentação dos estudantes, que frequentemente se limitam a repetir introduções e argumentos prontos. Embora as regras do Inep não prevejam penalizações específicas para textos idênticos, a falta de criatividade e a desconexão das ideias nos parágrafos se tornam evidentes quando o conteúdo decorado não se adapta perfeitamente ao tema. Dessa forma, alunos que dependem de fórmulas prontas acabam enfrentando dificuldades em outros vestibulares que demandam uma construção argumentativa mais autêntica e personalizada.
Professores apontam que o uso de modelos decorados não apenas limita o aprendizado dos estudantes, mas também os prejudica emocionalmente, uma vez que esquecer partes memorizadas pode gerar desestabilização durante a prova. Além disso, os temas das redações do Enem vêm se tornando mais complexos nos últimos anos, o que, segundo educadores, visa incentivar habilidades argumentativas genuínas e desestimular o uso de respostas padronizadas. Para obter melhores resultados, especialistas sugerem que os candidatos desenvolvam seu repertório sociocultural e pratiquem redações frequentes, ganhando autonomia no processo de construção textual.